Promovido pela Secretaria Municipal da Educação de São Carlos e Sesc, na noite de ontem - 30 de novembro de 2010 - o filósofo, professor e doutor Mário Sérgio Cortella abordando sobre propostas curriculares, direcionamentos dos conteúdos e produção de conhecimento, levou-nos a reflexão sobre nosso papel como professores e educadores, numa época em que a informação se prolifera de forma galopante.
Quando fala de currículo, diz que "o que há para ser ensinado é tudo o que existe em nosso planeta. Porém, nenhuma escola poderá dar conta, numa época em que a informação cresce assustadoramente. Jamais, num currículo caberá tudo o quanto deve ser ensinado, assim, precisamos ter critério de escolha para trabalhar com informação e conhecimento. A informação é facilmente esquecida, enquanto que conhecimento é inesquecível, pois que ele é aquilo do qual nos apropriamos. Assim é que precisamos ter critérios de escolha para trabalhar com informação e conhecimento". Ademais "o currículo precisa ser flexível e não volúvel".
Com versatibilidade ao abordar um tema tão complexo e repleto de meandros, consegue levar a platéia a percorrer labirintos explorados, inexplorados e a explorar, num delicioso passeio entre falas, risos, dúvidas, conjeturas, lições para serem aplicadas no cotidiano, mediante os desejos e necessidade de cada participante, momento em que tanta informação foi transmitida nessa agradável noite.
"Enquanto muitas pessoas se satisfazem com a mera informação, e a internet é um veículo fabuloso para sua fabricação, muitos buscam o conhecimento" e, posso me colocar também dentro das abordagens apreciadas pelo autor do tema, mediante sua fala, quando em nossas conversas, Elvio e eu, apontamos que, em nossa época, torna-se imperativo a transformação dessa gama de conhecimento em sabedoria. Deu até vazão a nossa imaginação quando Elvio declina: "sabedoria é capacitar-se a fim de construir pontes sobre os pilares do conhecimento; sair das margens do passado, transpor a corrente do presente atingindo horizontes do futuro".
Outro ponto que chama atenção é a questão do interesse e vontade. Geralmente o interesse não está associado a vontade, tanto por parte do aluno quanto professor. Assim, "temos de criar pontes entre nós e os alunos; se conseguirmos entendê-los vamos aprender muito com eles".
Em meio a tanta fala, sessenta minutos entre questionamentos, risos, envolvimento da platéia, o autor nos faz um alerta que cala fundo: "cuidado com pessoas que não tem dúvidas. Gente que não tem dúvidas envelhece, não inova, não se renova, não cresce". E mais ainda, cita Millor Fernandes a dizer que : "o tempo do idoso é o futuro, enquanto que o tempo do velho é o passado". E nos deixa uma premissa quanto ao que queremos fazer, tanto com nossas vidas, quanto com nossa educação: uma biópsia ou uma autópsia? Enquanto a biópsia estuda uma parte viva para extrair o mal que lhe acomete, a autópsia é feita sobre a parte inanimada, já sem vida.
No espaço de sessenta minutos direcionado a colocação do tema, recursos tecnológicos não foram necessários, o qual fora motivo para esboçar: "não é a tecnologia que torna a mentalidade pedagógica, mas é a mente que a utiliza ou a recusa". Muito interessante essa colocação, pois muitas vezes vemos belíssimas apresentações em data show, envolvimento com o emocional, através de imagens e som - visual e auditivo - porém paupérrimas em conteúdo.
Outro ponto marcante, que mereceu nota por parte desta que escreve: "Devemos sempre duvidar; ter humildade pedagógica para aprender e ter dúvida". E que "podemos ser idosos, porém jamais velhos".
Outro ponto marcante, que mereceu nota por parte desta que escreve: "Devemos sempre duvidar; ter humildade pedagógica para aprender e ter dúvida". E que "podemos ser idosos, porém jamais velhos".
Anotações, comentários e formatação de Inajá Martins de Almeida
fotos e pensamentos de Elvio Antunes de Arruda
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Mario Sergio Cortella (ca. 1954) filósofo brasileiro, mestre e doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde também é professor-titular do Departamento de Teologia e Ciências da Religião e da pós-graduação em Educação (Currículo), além de professor-convidado da Fundação Dom Cabral e do GVpec da FGV-SP.
Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-1992) e é autor, entre outros livros, de A Escola e o Conhecimento, Nos Labirintos da Moral, com Yves de La Taille, Não Espere Pelo Epitáfio: Provocações Filosóficas, Não Nascemos Prontos! e O que a Vida me Ensinou - Viver em Paz para morrer em Paz.
3 comentários:
Olá, Inajá!
Muito interessante os comentários do Profº Cortella sobre a informação e o conhecimento, enriquecidos com a sua posição. O que mais gostei foi a forma como me fez enxergar a informação, mais com um viés prático do que documental/bibliográfico, ou seja, como ela pode nos afetar, pessoal ou profissionalmente.
Abs,
Eduardo.
Olá Edu
Você esteve presente à palestra? Realmente foi um momento muito rico em informação. Jamil Albuquerque nos diz que o conhecimento pesa, quando não o utilizamos de forma satisfatória. É por esse motivo que temos sim de buscar informação, algumas transformá-la em conhecimento e este em sabedoria para nossa vida prática. / Um abraço e até mais.
Olá, Inajá!
Infelizmente não fui a palestra, tomei conhecimento dela no seu blog, mas pelo seu post tenho certeza de que foi de grande valia.
Abs,
Eduardo.
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