quarta-feira, 20 de outubro de 2010

À MESTRA COM CARINHO!...

Há pessoas que passam... apenas passam!
Há pessoas que passam e deixam rastros permanentes!
Há pessoas que passam e se vão!
Mas...
Há pessoas que se vão e  não passam!...

Inajá Martins de Almeida

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Os veículos informacionais noticiam o falecimento da professora doutora Carminda Nogueira de Castro Ferreira neste último dia 14 de outubro aos 89 anos (1921 – 2010).

Falar de Dª Carminda (minha doce e querida professora na década de 70) é gratificante demais para mim. 

Fora ela a forjar minha formação acadêmica e a legar-me o incentivo a amealhar retalhos de experiências.


Foram eles - os retalhos - que puderam me fazer companhia no passado, alinhavar e tecer meu  presente e chulear meu futuro, pois deles me apossei e entreteci valores pessoais e profissionais  – já nem sei mais separá-los da minha pessoa.


DIA DO BIBLIOTECÁRIO - 12 de março 2010 










Estivemos presente nesse dia inesquecível  (Elvio Antunes de Arruda e esta que escreve - Inajá Martins de Almeida) nas merecidas homenagens que a UFSCAR e Câmara de São Carlos lhe outorgaram, aliás, digo inclusive que a mais homenageada fora eu, por haver merecido tão graciosa,  a "graça" por partilhar sua presença, num momento tão gratificante e merecido, pelos brilhantes feitos.


Esse momento pode ser registrado em fotos que Elvio, tão bem soube expressar, através de sua ótica perspectiva, o qual não tenho, também, como agradecer. Lá estava ele, para acompanhar e conhecer aquela a quem me expressava de forma a mais carinhosa, sempre.

Se os olhos de Elvio nos fitavam e atentavam aos cliques, deixaram mostrar, a mim, marejados quando, mesmo em forte emoção, pude observá-lo a nos mirar ainda que após o abraço apertado, naquela troca de olhares todo o mais se apartasse de nós – agora, éramos apenas nós duas a nos entregar às nossas memórias, aos nossos retalhos.  

Outra matéria significativa posso registrar, fora oferecida pela Revista Kappa (http://revistakappa.com.br/) em sua edição nº 6. Meus retalhos não ficaram esquecidos; fotos e falas puderam ser capturadas pela sensibilidade da jornalista Ana Paula Santos que, sem me aperceber registrava parte de algumas palavras acaloradas que travavamos naquele instante, quando então captura algo como: “na década de 70 dona Carminda foi minha mentora e me repassou o prazer em buscar o conhecimento. Lembro com carinho dela dizendo que suas aulas deveriam ser retalhos, e que durante nossa vida estaríamos costurando uma colcha...”

A minha grande mestra, com carinho, amor e dedicação por mim sempre lembrada. Seu sotaque forte e penetrante jamais se apartaram de meus ouvidos. Meu amor pelo seu conhecimento, pela pessoa generosa, legou-me a paixão e a convicção pela área que optara - a Biblioteconomia. Tornei-me bibliotecária e me realizei, em grande parte, proposto pelos seus incentivos maiores.


Amei dª Carminda, com amor incondicional de aluna, de profissional. 


Lembro-me de suas palavras naquele dia 12 de março (2010), quando dizia: 


“Quem me dera pudesse eu desmembrar todas as lembranças que tenho!”. (Carminda Nogueira de Castro Ferreira) 


O que posso eu dizer, quando então me encontro a  desmembrar parte dessas nossas lembranças.


Cuidadosa e zelosa, perguntava sobre minha trajetória profissional, pois nossos caminhos seguiram rumos diversos e pouco contato tivemos ao longo desses quarenta anos, porém, jamais nos esquecemos; jamais nos permitimos a distância, ainda que o físico não o negasse.

Surpreende-me quando me questiona sobre o tema de minha monografia, da qual nem ao menos cópia me ficara – O fato histórico – quando fora minha orientadora e se diz lembrar dos detalhes daqueles momentos, relatando-me até algumas passagens.

Realmente, havíamos alinhavado retalhos que agora, nesse breve encontro, podíamos costurar. Brilhante memória. 


"... sempre me impressionou o seu espírito ponderado, sua habilidade surpreendente em se adaptar aos novos tempos; a sua paciência no diálogo com as novas gerações e a sua tolerância respeitosa a valores tão contrários aos seus". (Guilherme Ferreira de Toledo, neto de dª Carminda para a Revista Kappa - edição nº 6) 

Se sua família fora generosa – filhos, netos, bisnetos, noras, genros – o que dizer da família que arregimentava por onde passava?! - amigos, alunos, profissionais, aqueles que somente dela ouviam falar – é o caso de Elvio, a quem, sempre atento, empresta-me seus ouvidos para que eu teça fios infinitos sobre aquela que, singular, levara-me a "desmembrar" tantas "fichas" de lembranças.


Ensinava-nos a aprender e a buscar o que não sabíamos. Fazia-nos pensar, questionar, perguntar, refletir, pesquisar, não aceitar simplesmente palavras impostas. Sabia transmitir informação, ao mesmo tempo em que nos levava a transformá-las em conhecimento e sabedoria para o nosso viver bibliotecário.

"Aos 84 anos, surpreendida por um obstáculo difícil de transpor até para ela: uma doença cruel... transformou dor em paciência, sacrifício em oração, dificuldade em superação, sentimentos ruins em silêncio". (Maria do Rosário (sua filha) para Revista Kappa magazine, edição nº 6)



Amante incondicional da área arregimentava seu exército, com seu ideal inabalável. Profissão = professar = fé.





Eu inclusive manifesto esse sentir inconteste, num de meus artigos, quando a paixão por livros me leva a registrar que me tornara bibliotecária por opção, paixão e convicção e a professora Carminda teve participação efetiva nessas três premissas.


Mas agora, a professora, doutora Carminda Nogueira de Castro Ferreira

“Montou num querubim e voou; sim, levada pelas asas do vento!”

(Salmos 18:50)


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comentários Inajá Martins de Almeida
fotos Elvio Antunes de Arruda 


UFSCAR e Câmara Municipal de São Carlos 
Dia do Bibliotecário 12 de março de 2010


(clique sobre as fotos para ampliá-las)


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saiba mais:


http://saocarlosemrede.com.br/portal/home/item/12412-morre-a-professora-doutora-carminda-nogueira-de-castro-ferreira


http://saocarlosoficial.com.br/noticias/?n=Faleceu+nesta+manha+(14)+a+Professora+Doutora+Carminda+Nogueira+de+Castro+Ferreira_2VLGSBKWA8



3 comentários:

Aline Negosseki disse...

Até suspirei com seus retalhos... E me fez pensar em todos meus professores que me são queridos. Que saudade deles.

Vc é, de fato, muito terna e sensível, Inajá!...

bjs
Aline

Inajá Martins de Almeida disse...

Aline querida
Ao recolher esses retalhos posso te dizer que voltei ao tempo e me senti completa, realizada. Ao longo dos meus sessenta anos, recolhi muitos retalhos de pessoas maravilhosas, que aos poucos quero relatar, mas dª Carminda me fora especial. Porque:
Há pessoas que passam – apenas passam!
Há pessoas que passam e deixam rastros permanentes.
Há pessoas que passam e se vão;
Outras que se vão mas não passam!
http://saocarlosemimagens.blogspot.com/ Um beijo e grata pela seu perspectiva sensível, pois as palavras expressam o que o coração está cheio e transbordando./ Inajá

Inajá Martins de Almeida disse...

Aline querida
Ao recolher esses retalhos posso te dizer que voltei ao tempo e me senti completa, realizada. Ao longo dos meus sessenta anos, recolhi muitos retalhos de pessoas maravilhosas, que aos poucos quero relatar, mas dª Carminda me fora especial. Porque:
Há pessoas que passam – apenas passam!
Há pessoas que passam e deixam rastros permanentes.
Há pessoas que passam e se vão;
Outras que se vão mas não passam!
http://saocarlosemimagens.blogspot.com/ Um beijo e grata pela sua perspectiva sensível, pois as palavras expressam o que o coração está cheio e transbordando./ Inajá

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