sábado, 5 de novembro de 2016

O LIVRO NÃO NASCE LIVRO, TORNA-SE LIVRO

O texto em questão me fez retornar às minhas aulas da Escola de Biblioteconomia em São Carlos, no início da década de 1970.   Estudávamos as cinco leis da biblioteconomia e elas me são familiares ao ponto de colocá-las em prática, primeiro em minha vida, mesmo antes da formação, depois na prática bibliotecária. 

Quanto a frase realmente o livro é um objeto qualquer em qualquer lugar. Entretanto, torna-se livro a partir do momento em que o possuamos, o entendamos, o estudamos, o trazemos para junto de nós. Livros que podem nos livrar da solidão, da ignorância - livros que nos tornam livros.

Assim é que amei o texto e o compartilho neste espaço.

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O título deste post é uma paráfrase da frase de Simone de Beauvoir que tornou-se popular no ano passado por ter sido objeto de uma questão do ENEM. A inspiração para o texto, no entanto, veio do artigo “The Philosophy of Language and Knowledge Organization in the 1930s: Pragmatics of Wittgenstein and Ranganathan”, de Gustavo Silva Saldanha, pesquisador do IBICT e professor da UNIRIO.

Especialmente o tópico “5.0 The books are not for use; the books are the use itself: Ranganathan and Wittgenstein, language
and knowledge in 1930s” chamou a atenção pelo fato de levantar um conceito interessante relacionado com a Segunda Lei de Ranganathan, que até então desconhecia: digvijaya. A Segunda Lei, “Para cada leitor seu livro” (ou qualquer outra variação similar que seja detectada em outros escritos), é apresentada por Ranganathan como uma espécie de advocacy proposta nos dias atuais. Ela também traz consigo a noção de uso. Sob o ponto de vista do bibliotecário indiano, essa noção está fortemente relacionada à Primeira Lei “Os livros são escritos para serem lidos”, pois considera que o conteúdo de um livro só pode ser explorado e seus significados são elaborados a partir do momento em que é usado.
Por isso, essa ideia do Ranganathan inspirou o título deste pequeno texto. É interessante pensar em dois aspectos:
1) a defesa pelas bibliotecas é muito mais antiga do que supõe o conceito de advocacy. Já vem desde os tempos de Ranganathan que revolucionou o pensamento biblioteconômico ao propor suas cinco leis:
  1. Os livros são escritos para serem lidos
  2. Todo leitor tem seu livro
  3. Todo livro tem seu leitor
  4. Poupe o tempo do leitor
  5. Uma biblioteca é um organismo em crescimento
2) o encontro da informação com seu leitor realmente é interessante, pois é quando há um (re)processamento, uma (re)significação do conteúdo pelo leitor, de forma que novas informações sejam criadas a partir das experiências prévias do leitor, alimentando, assim, o ciclo da informação.

REFERÊNCIAS
SALDANHA, G. S. The Philosophy of Language and Knowledge Organization in the 1930s: Pragmatics of Wittgenstein and Ranganathan. Knowledge Organization, v. 41, n. 4, p. 296-303, 2014.
RANGANATHAN, S. R. As Cinco leis da Biblioteconomia. Brasília: Briquet de Lemos, 2009.

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