domingo, 29 de agosto de 2010

AUGUSTO CURY - palestra São Carlos

"O CÓDIGO DA INTELIGÊNCIA"
foi a palestra proferida pelo médico psiquiatra e escritor Augusto Cury no teatro La Salle, na cidade de São Carlos nesta quinta-feita dia 26 de agosto de 2010

Dr. Augusto Cury autografa para Elvio Antunes de Arruda o livro tema da palestra
Inajá Martins de Almeida se apresenta com dois livros: "O futuro da humanidade" e "Mentes brilhantes" - o qual fora presenteada por seu filho.

Num breve momento, tenho oportunidade de lhe dizer que o "Futuro da humanidade" chamara-me especial atenção, quando me vi nas linhas do texto. 
Era eu a personagem que se via mergulhada no enredo, quando me fazia acreditar que era possível sobreviver quando se perde tudo.
"Que a felicidade era uma eterna construção" e nos apontava para o futuro.
Magnífica leitura.

"Mentes brilhantes, mentes treinadas" calara-me forte, pois fora presente de meu filho (e não poderia ter escolhido melhor)

"Os olhos da face enxergam comportamentos visíveis, os olhos altruístas enxergam o que está por detrás deles. O amor inteligente enxerga as qualidades que as imagens não revelam, garimpa ouro nos solos rochosos dos outros".

É um momento em que leitora pode se encontrar com seu escritor e dedicar-lhe algumas de suas muitas impressões. Olhares se cruzam, sorrisos são trocados, palavras pronunciadas. Inesquecível encontro. 
Creio ser uma troca recíproca: o reconhecimento do leitor para seu autor, bem como do autor para seu leitor.

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fotos Elvio Antunes de Arruda
Comentários Inajá Martins de Almeida 

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

José Ephim Mindlin

José Ephim Mindlin, nasceu em São Paulo aos 8 de setembro de 1914 e faleceu na mesma cidade aos 28 de fevereiro de 2010, ano em que completaria 96 anos. Advogado, empresário, membro da Academia Brasileira de Letras, eleito em 2006 e o maior bibliófilo brasileiro, paixão adquirida aos treze anos de idade, quando então iniciava sua coleção riquíssima de coleções, livros e títulos. Hoje o acervo faz parte do complexo USP, doação efetuada no mesmo ano em que fora eleito membro da Academia, quando então se manifesta ao fato - “de certa forma, coroa uma vida dedicada aos livros”. A partir do que a biblioteca passa a ser chamada de “Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin”, ao mesmo tempo em que se manifestava “nunca me considerei o dono desta biblioteca. Eu e Guita [esposa já falecida de Mindlin] éramos os guardiães destes livros que são um bem público.

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Texto de Inajá Martins de Almeida
Para complementar o assunto vide -  http://pt.wikipedia.org/wiki/José_Mindlin 

O guardião da biblioteca de Mindlin


Pedro Puntoni, historiador que frequentava a casa do bibliófilo, comanda projeto de digitalização do acervo e construção do prédio que abrigará os 40 mil volumes


Era julho de 2007. Pedro Puntoni havia acabado de ser nomeado diretor da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, em instalação na Universidade de São Paulo (USP), e almoçava na casa do empresário e bibliófilo José Mindlin:
- Doutor José - dirigiu-se ao bibliófilo -, queria lhe dizer que me sinto muito honrado com o cargo, com tanta responsabilidade. E espero corresponder à altura.
- Pedro, nós vamos ajudá-lo - ele respondeu. Sei que este é um peso enorme.
E naquele mesmo dia ficou acertado que Puntoni precisava "aprender a biblioteca":
- Você tem de conhecer toda ela - frisava Mindlin.
Trataram de selar um acordo. A partir disso, quinta-feira havia um programa sagrado para o novo diretor. "Era o dia da semana em que eu passei a ir cedo à casa dele e só sair de lá no fim do dia", relata. "Quando o doutor José estava, conversávamos, ele me contava histórias sobre os livros, me pedia para ler algum poema." Quando ficava sozinho, aproveitava para circular entre as estantes e conhecer um pouco daquele mundo que, aos poucos, também se tornava um pouquinho seu. "Não era uma coisa sistemática. Ele via o livro que despertava interesse nele na hora", conta Cristina Antunes, que trabalha no acervo de Mindlin há três décadas.
Essas visitas semanais ocorreram até dezembro do ano passado. "No comecinho de janeiro, ainda passei lá para desejar feliz ano-novo ao doutor José", afirma Puntoni, hoje com 43 anos. Foi a última vez em que eles se viram. Dias depois, o bibliófilo acabou hospitalizado. Em 28 de fevereiro, aos 95 anos, José Mindlin morreu.
Da casa para a USP. A biblioteca em questão, com 17 mil títulos - ou 40 mil volumes -, é o maior e mais relevante acervo originalmente particular de livros do Brasil. Mindlin começou a formá-lo aos 13 anos. "A ideia de transformar em algo público foi aventada pela primeira vez ainda nos anos 80", lembra Puntoni. "Em 1999, doutor José manifestou, em carta, a intenção de doar os livros à universidade." Sete anos mais tarde, finalmente, o ato foi oficializado: Mindlin legava à USP, de papel passado, sua preciosa Brasiliana.
Professor da mesma universidade, o historiador Pedro Puntoni entraria no projeto apenas no ano seguinte. Mas sua relação com Mindlin era mais antiga. "Em 1990, quando fazia meu mestrado, recorri ao doutor José porque só ele tinha uma coleção de revistas que eu precisava", recorda-se. "Da primeira vez, ele me recebeu e fez uma verdadeira sabatina sobre meus estudos. Queria saber se eu realmente conhecia os livros e só então me liberou para frequentar a biblioteca." Tornou-se assíduo, por anos. Até o fim do mestrado. Depois, durante todo o doutorado. "Era uma alegria quando ele, sempre gentil, me convidava para um café", diz.
Sua primeira missão à frente da Brasiliana foi coordenar um ousado plano interdisciplinar - que envolve 40 professores da USP - de digitalização do acervo de Mindlin. Um scanner especial foi adquirido para isso e vem funcionando desde abril do ano passado. "Custou US$ 220 mil e tem capacidade para copiar 2,4 mil páginas por hora", detalha o engenheiro eletrônico Edson Gomi, participante do projeto. Mil títulos já estão na internet e podem ser baixados, na íntegra, de graça. "Doutor José era um entusiasta da digitalização, pois acreditava que isso iria ampliar o acesso aos seus livros, sem deteriorá-los", ressalta Puntoni.
O historiador também acompanha a construção do prédio - orçado em R$ 100 milhões e situado na própria Cidade Universitária, no Butantã, zona oeste de São Paulo - que vai abrigar os 40 mil volumes da Brasiliana. Pelo cronograma, a obra deve ficar pronta no fim de 2011. Ali, além da biblioteca, funcionará o centro de digitalização e um ateliê de restauro de livros. Cultura escrita que deixaria doutor José orgulhoso.
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Reportagem de Edison Veiga, para o jornal O Estado de S. Paulo - http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,o-guardiao-da-biblioteca-de-mindlin,569202,0.htm

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Paixão por livros

Texto de Inajá Martins de Almeida


Durante a 3ª Feira do Livro da cidade de Ribeirão Preto – agosto de 2002 – quando então Coordenadora do Projeto Bibliotecas do Programa Ribeirão das Letras da Secretaria Municipal da Cultura, deparei-me com uma pergunta que me fez repensar sobre meu papel dentro da Biblioteconomia.

Num dos estandes, uma das livreiras, questionando minha paixão pelos livros, perguntou-me o porquê haver escolhido tal profissão, dado o entusiasmo com que desempenhava as atribuições que me foram conferidas e a familiaridade com que tratava o livro.



Parei um momento; jamais pensara nisso – era-me natural estar entre livros – porém, mesmo tomada de sobressalto, rapidamente respondi-lhe, formulando um conceito que passei a incorporar em meu currículo:


OPÇÃO: Em primeiro lugar, tornei-me Bibliotecária, por opção – sim opção – porque pensara seguir a área do Direito, entretanto, pela falta, opção de escola em minha cidade e dificuldade em ausentar-me, optei pela Biblioteconomia e Documentação. 


- PAIXÃO: Em segundo lugar por paixão – pois não fora difícil apaixonar-me pelas aulas de literatura, história do livro, cultura artística e científica e tantas outras, magistralmente ministradas pela drª. e profª. Carminda Nogueira de Castro Ferreira – Dona Carminda como carinhosamente a tratávamos – assim como pelas inúmeras matérias técnicas.


- CONVICÇÃO: Em terceiro e último, por convicção – sim convicção – posto que decorridos os anos, já não pudera mais optar por outra formação a não ser a de Bibliotecária.
Estava convicta de que optara pela profissão certa. A advocacia entraria em minha vida sob formas várias – nas organizações de bibliotecas, nas assessorias junto a advogados, nas empresas que atuava.


Ah! Os livros - desde cedo me acostumei aos livros – amava-os – eles me desvendavam horizontes inimagináveis; proporcionavam-me quebrar barreiras, abrir portas, aprender, criar, deslumbrar, vibrar.


Eles – os livros – levavam-me mais longe ainda; agora eu podia tê-los, em grandes quantidades, nas mãos. Era-me dado o direito de passear através dos seus conteúdos; conhecê-los, estudá-los, transformá-los numa linguagem informacional, para, então colocá-los nas mãos dos leitores, seus usuários. Além do mais, a leitura me levava à escrita, quando então passo a escrever textos e divulgá-los através da internet, com vistas à edição do meu primeiro livro.

Nessa jornada – entre livros – passei por diversos tipos de bibliotecas tanto particulares, micro, média e grandes empresas, assim como escolares – desde a infantil, juvenis a universitárias. Universos que se descortinaram à minha frente, para me fornecerem subsídios nos diversos saberes do conhecimento humano.

Ademais, minha formação em Biblioteconomia possibilitou-me participar da implantação de bibliotecas, dentro do Programa Ribeirão das Letras, da Secretaria da Cultura da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, num período de trinta meses, embora célere, transformou minha vida profissional – abriu-me novas perspectivas no grande leque da palavra e do saber.

Projeto ousado, cujo idealizador o então Secretário da Cultura, Galeno Amorim, vislumbrava a implantação de 80 bibliotecas em locais onde se fazia necessário. A mim, como coordenadora, competia desenvolver projetos ligados à contratação e capacitação de estagiários, estímulo e incentivo a leitura e, principalmente, a abertura de bibliotecas.

Nesse momento, voltava ao passado e rememorava minhas aulas de referência bibliográfica, na então Escola de Biblioteconomia e Documentação de São Carlos (atual UFSCAR), no início da década de 70, quando nos era apresentado um personagem ilustre que marcou seu tempo, ao abrir bibliotecas e formular a célebre teoria sobre as Cinco Leis da Biblioteconomia: Shialy Ramamrita Ranganathan.

Pude então perceber que: “o que foi é o que há de ser; e o que se fez isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós. Já não há lembrança das coisas que precederam; e das coisas posteriores também não haverá memória entre os que hão de vir depois delas”.(ECLESIASTES 1:9/11)

Assim como nada é novo, criar bibliotecas voltar-se para o papel da leitura na formação do cidadão, já fazia parte dos anseios de Ranganathan, quando, preocupado com o ensino e pesquisa em seu país, promove campanha para melhorar a biblioteca da Universidade de Madras – Índia. Essa ocorrência, contudo, iria mudar o curso de sua vida, assim como da Biblioteconomia em si, nos idos 1916.

Semelhantemente a esse fato, os quatro anos – 2000 a 2004 – serviriam também para transformar o ritmo de uma cidade interiorana de porte médio – Ribeirão Preto.

Foi um momento “efervescente”, segundo Galeno, onde se falava em livros e bibliotecas, na mesma proporção em que projetos culturais se desenvolviam nos quatro cantos do município, quando então a imprensa então noticiava: – “projeto multiplica número de livros em Ribeirão e muda o padrão de leitura da população”; este era o Programa Ribeirão das Letras.

Se o curso da vida de Ranganathan, a partir desse momento, tomaria outros rumos, não fora diferente para Galeno, tampouco para mim, quando tenho oportunidade de  travar sólido relacionamento com o pensador Elanklever – Elvio Antunes de Arruda - e temos a mostrar aonde nossa paixão pelos livros nos levariam, quando em janeiro de 2007 lançamos a primeira edição do livro “Definições Reflexivas: grandes detalhes”, de sua autoria, com vista a outras. 
Ademais “de fazer muitos livros não há fim”. (Eclesiastes 12:12)

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na foto Inajá quando então bibliotecária no Centro Universitário Barão de Mauá em Ribeirão Preto - 1998


CONTATO: inaja.ima@gmail.com

O Livro sou eu!

Entre livros nasci . 
Entre livros me criei . 
Entre livros me formei . 
Entre livros me tornei. 
Enquanto lia o livro, 
lia-me, a mim, o livro.
Hoje não há como separar:
O livro sou eu:
Bibliotecária por
Opção
Paixão 
Convicção.


Inajá Martins de Almeida

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LIVROS SOBRE A MESA (pintura de Elvio Arruda - Elanklever) - Ribeirão Preto - novembro 2007

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