Vez ou outra me coloco a meditar sobre o fato de se ler, refletir sobre o que se leu, até escrever, participar da composição do livro, enfim, emergir-se através das linhas.
Seria pois, essa perspectiva, motivo para aventurar-se ao avanço das linhas, do publicar-se?
Bom... Jamais me imaginei escritora, ademais, as palavras de Carlos Drummond de Andrade, bateu forte com meu pensar, quando se expressa:
"Posso dizer, sem fazer fita, que não sou propriamente um escritor. Sou uma pessoa que gosta de escrever, que conseguiu, talvez, exprimir algumas de suas inquietações, seus problemas íntimos, que os projetou no papel..."
Então... Se um escritor consagrado não se considera escritor, como que eu, uma desconhecida, que formata blogs pessoais para que suas inquietações sejam colocadas públicas, sem ter um livro sequer editado, como eu posso ou queira me considerar escritora. Longe de mim essa pretensão, todavia, gosto de escrever. A escrita me inspira, me torna mais leve, apaziguar anseios, silêncios ocultos.
Posso até imaginar que experiências pessoais possam resultar respostas para questões inúmeras, até quem sabe algum impacto em leitor.
Escrevo sim, para conectar-me com meu eu interior, ao mesmo tempo em que almejo a conexão com afinidades, porque sei que um texto tem esse poder de ser lido, revisitado quantas vezes necessárias. Um texto pode inspirar, transformar, tocar alma e coração, quem sabe, assim, como muitos textos me trazem esse valor.
Vejo um texto, um poema, um livro como algo além do que o simples colocar palavras no papel. Vejo como o compartilhar ideias, aprendizado, gerar perguntas, respostas e conexões, deixar legado. Momento em que se pode viajar entre as linhas, reconhecer-se através da trama, dos personagens, da história, do assunto que se trata.
Ademais, um texto, um livro pode nos dar autonomia, autoridade, nos levar para além do anonimato, colocar-nos em unidade aos nossos pares em afinidades.
Por isso, caro escritor Drummond, suas palavras calaram forte dentro de mim, ao ponto de me irmanar dentro do seu gostar de escrever, através do seu projetar seus anseios íntimos ao papel.
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