segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O GATO LEITOR

(clique na foto para ampliá-la)

Não basta ser bibliotecária, mas envolver o leitor no universo dos livros, ainda que este seja um gato. 
Sempre estou adicionando novos livros  a minha coleção. Não me privo de reorganizar minha biblioteca. Neste domingo, contudo, o diferencial foi que sem ao menos perceber, Geremias - meu gato siamês - subiu na mesa e logo se achegou as pilhas de livros. 
Elvio não se conteve; pegou a câmera e fotografou instantes divertidos.
O pequeno gato parecia adorar a idéia e olhava e queria alcançar o topo, conseguindo vez ou outra. Olhava admirado - será que alcanço? 
Momento único agora registrado.
Esta é mais uma leitura do nosso cotidiano entre livros, leituras e cliques.

São Carlos 28 de novembro de 2010

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Comentários e postagem de Inajá Martins de Almeida
Fotos Elvio Antunes de Arruda  

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

DIA INTERNACIONAL DO LIVRO

Dia Internacional do Livro - 23 de novembro 

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Belos momentos na biblioteca pública. É o Dia Internacional do Livro que se faz representar neste momento.


Neste belíssimo exemplar, encontro a foto da professora Carminda Nogueira de Castro Ferreira, fotografada na área de sua casa.
Quantas vezes adentrei esse local em direção a biblioteca, aberta para os estagiários da Escola de Biblioteconomia e Documentação de São Carlos.

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fotos: Elvio Antunes de Arruda
comentários : Inajá Martins de Almeida



ESCOLA DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO DE SÃO CARLOS

Vamos juntos conhecer e resgatar um pouco da história da faculdade de Biblioteconomia e Documentação de São Carlos

esquina ruas Episcopal e Jesuíno de Arruda - clique na foto para ampliá-la

Bibliotecária tem de estar entre livros, sempre. Foi assim que nessa tarde do dia 23 de novembro de 2010, Elvio e eu adentramos a biblioteca municipal.

Meu propósito fora encontrar subsídios para conhecer um pouco mais sobre a história, desta cidade que me formou profissionalmente e agora acompanha nossos passos nesta segunda etapa de nossas vidas.

Surpresa quando deparo-me com um belíssimo trabalho elaborado pela professora Sonia Maria Trombelli de Hanai com a colaboração de Maria Christina de Almeida Nogueira sob o título: "A Escola de Biblioteconomia e Documentação de São Carlos: 1959 / 1997".

folha de rosto - clique na foto para ampliá-la

Naquele instante, alguns fragmentos pudemos retirar e fazer estes registros, que ora compartilho com aqueles que nos visitam.


                                                                                                                                                                                                                                                                                   
Inesquecível professor Alfredo Américo Hamar, com suas magistrais aulas de Documentação.


Dona Carminda, minha doce e terna professora. Da indicação dos seus retalhos pude compor este momento gratificante de um passado que se tornou tão presente.


Nesse carro biblioteca adquiri muita experiência com o público leitor, em especial com as crianças.
Era o momento em que percorríamos bairros e levávamos livros tão esperados por todos.
O que mais me chamava atenção era em Água Vermelha. As crianças ávidas corriam para buscar um lugar privilegiado na fila para encontrar seu livro e o levar para casa.
Ali podíamos travar conversas, saber sobre suas leituras, registrar um retalho agora resgatado.

  (clique na foto para ampliá-la)

Eis os formandos de 1972. Lá está meu nome - Inajá Martins de Almeida.
Vejam que feliz coincidência.
Sempre nos deparamos com alguém que nos desperta mais afinidade.
Esta era Isabel Martins, a qual durante o curso casa-se com um rapaz da cidade e passa assinar Almeida - Isabel Martins de Almeida.
Infelizmente nossa trajetória profissional nos separou e jamais nos reencontramos, mas os detalhes permanecem e um retalho pode ser alinhavado neste instante.

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comentários: Inajá Martins de Almeida

sábado, 13 de novembro de 2010

CASA FERNANDO PESSOA

Às futuras gerações de filólogos, à procura das fontes que inspiraram o maior poeta português desde Camões, recomendamos uma pesquisa na biblioteca de Fernando Pessoa (in Diário de Notícias, 18 de Janeiro de 1962, p. 7).

Foi com este apelo que Georg Rudolf Lind abriu o primeiro estudo inteiramente baseado na biblioteca particular de Pessoa – desse acervo bibliográfico que desde Novembro de 1993 se encontra albergado na Casa Fernando Pessoa em Lisboa. http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/bdigital/index/estudos.htm

Realmente site maravilhoso digno de estudo, de pesquisa, de leitura, de comentários. Vamos adentrar este  universo Fernando Pessoa, agora a nós disponível através da maravilhosa galáxia internet.



Reunir mais vozes à volta dos livros

A biblioteca, que ocupa uma parte do piso térreo e do 1º piso, e é constituída por três núcleos essenciais: a biblioteca particular de Fernando Pessoa (cerca de 1200 títulos), adquirida à família do poeta; a biblioteca pessoana activa e passiva, onde se encontra quase tudo o que foi escrito por e sobre Pessoa; e um fundo de poesia portuguesa e estrangeira. Há condições especiais para investigadores da obra de Fernando Pessoa.
É igualmente nesse espaço que está exposto o “Retrato de Fernando Pessoa”, pintado por José de Almada Negreiros em 1954 para o café Os Irmãos Unidos, posteriormente vendido em leilão e mais tarde oferecido à Câmara Municipal de Lisboa por Jorge de Brito.

    


A OUTRA VISÃO

Eu sonho. Morre-me no olhar parado
A alma; a outro olhar interior aflora
E vê de dentro as Cousas e a Hora...
Visto do Outro Lado,
Cada Ocaso é uma Aurora…
Sonho. E a visão com que me invado
De uma nua certeza  e calma
E um oásis em mim, com água e palma
Visto do Outro Lado,
Cada Corpo é uma Alma.
Sonho mais. Perco a vida do estagnado
Na visão com terço em mim aos céus
E faço a realidade sonhos meus...
Visto do Outro Lado, 
O Todo é nada e é Deus... 

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informação recebida do prof. dr. Adilson Marques
postado por Inajá Martins de Almeida
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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A CRIAÇÃO DE TEXTOS - PALESTRA SESC SÃO CARLOS


(clique nas fotos para ampliá-las)
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Nesta quinta-feira (11/11/2010) participamos - Elvio e esta que escreve - de uma oficina no Sesc São Carlos. 
O tema "A criação de textos e a dimensão subjetivo do envelhecimento" veio acompanhado de uma abordagem fundamentada nos princípios estabelecidos pelo professor e doutor pela USP Adilson Marques, organizador do livro Ação Cultural na terceira idade.
A atividade abordou alguns elementos fundamentais para a criação de um texto autobiográfico, valorizando a história de vida e estimulando a memória, o raciocínio e a valorização da subjetividade.
O momento foi bastante profícuo, entre conversas, trocas de experiências, fotos, encontros inesperados.
O local agradável proporcionou momento único que algumas fotos registram.

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fotos: Elvio Antunes de Arruda
comentários: Inajá Martins de Almeida

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

BIBLIOTECA NACIONAL 200 anos

Biblioteca Nacional completa 200 anos com raridades longe dos olhos do público




Quando D. João VI fugiu das tropas napoleônicas trouxe para o Brasil o rico acervo de livros pertencentes à Corte Real. Em 1810, foi fundada a Biblioteca Nacional (então Real Biblioteca), que atualmente tem sede em um imponente palácio na praça da Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. Duzentos anos depois, comemorados nesta sexta-feira (29/10/2010), parte destes exemplares, somados a muitos outros que foram sendo doados ao longo dos séculos, conferem à instituição o título de a mais importante biblioteca da América Latina, que a ela se somam hoje nove milhões de obras.


Outra preciosidade da Biblioteca Nacional, que também está longe dos olhos do público, é o documento original assinado por D. João VI autorizando a abertura dos portos às nações amigas, fato que trouxe prosperidade comercial à nova sede do império português. A carta de 28 de janeiro de 1808, escrita ainda na Bahia, traz uma curiosidade: D. João assina como “príncipe” e faz cinco pontos, referentes à constelação do cruzeiro do sul. Este documento concorre ao título de “memória do mundo”, conferido pela Unesco.

veja mais acessando:
http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/livros/biblioteca+nacional+completa+200+anos+com+raridades+longe+dos+olhos+do+publico/n1237815531508.html

AÇÃO CULTURAL NA TERCEIRA IDADE

Com o tema  "O idoso e a cidade: a dimensão arquetípica e imaginária do envelhecimento" Adilson Marques (professor e doutor pela USP) nos fala que "nossas lembranças mais pessoais podem vir morar aqui", quando de sua palestra nesta terça-feira, 09 de novembro de 2010 no SESC São Carlos/SP.

Pontos relevantes de sua fala, ecoaram aos que se encontravam presentes, os quais puderam se sentir protagonistas de suas próprias visões ao longo de suas existências, retratados então no livro "Ação cultural da terceira idade".

Pontos marcantes foram colocados à baila, quando da fala do palestrante, sob apontamentos desta que registra:

Os correios e as cartas que eram recebidas, momento em que as reuniões familiares aconteciam para, todos juntos, poderem ler as missivas. Quem não pode retirar de suas memórias um pequeno retalho guardado.
A estação ferroviária com seu apito peculiar marcando a hora certa; o tempo que transcorria lento "e cheio de meandros com o trem e as ferrovias".
A Santa Casa, lugar de alegria, tristeza, lembranças que todos temos vívidas em nossas mentes.
São "as coisas invisíveis que dão sustentação as visíveis...", nas palavras de Michel Maffesolli.

Ao término, os presentes receberam como prêmio de participação o livro "Ação cultural na terceira idade", autografado por alguns dos seus autores presentes no momento.

Belíssimo encontro. Esta que comenta pode encontrar antigas colegas de escola, conhecer novas, e manter contatos gratificantes.

É a colheita do tempo recolhendo retalhos sempre.

Os links indicados nos dão uma pequena mostra do que foi a palesta:

http://www.youtube.com/watch?v=LBeFhg-5y0k - PARTE I

http://www.youtube.com/watch?v=JE0CEZy3sBE - PARTE II

http://www.scribd.com/doc/42301730/A-cidade-e-o-idoso

(clique nas fotos para ampliá-las)

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comentários: Inajá Martins de Almeida
fotos: Elvio Antunes de Arruda)

sábado, 30 de outubro de 2010

O PERSONAGEM "LIVRO"

"O livro, como instrumento privilegiado do saber e da reflexão, pelo relevante papel que desempenha no processo de civilização humana, na vida social, no desenvolvimento científico e tecnológico, na promoção dos direitos humanos e da paz deve merecer dos profissionais bibliotecários, agentes potenciais de mudança social, um estudo abrangente e profundo".

Carminda Nogueira de Castro Ferreira

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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O LIVRO AGORA SOMOS NÓS

Faziam-me companhia, nada me cobravam. Silentes apenas podiam auscultar meus sussurros abafados, meus risos calados, meus olhos arregalados ou  fechados quando clamava alma.



Degustava as gravuras e aqueles sinais, ainda indecifráveis à minha pouca idade, eram incorporados à fala de minha mãe, a qual se fazia representar, decifrando-os para mim.

Os livros me eram familiares, ao ponto de perceber que a paixão não fora fruto do acaso. Entre livros nascera. Entre livros me criara. Entre livros me formara. Entre livros me tornara. Entre livros me apaixonara.

Mal supor pudera, que decorridos os anos entre livros, iria encontrar aquele que escreveria o segundo ato da composição da minha existência, quando então me segredava:

_ “Minha vida é uma enciclopédia. Cada ano um volume. Cada dia uma página. Cada hora um novo texto. Cada minuto uma palavra. E a cada segundo, entre um sim e um não, muda-se a história!”   

Era o momento em que sua entonação de voz mudava vez ou outra. Transportava-se para dentro daquele enredo e ora me vinha como uma serelepe, ora como manhoso urso; também me trazia chapeuzinho vermelho que adentrava a casa da vovozinha, enquanto o lobo mau do lado de fora mantinha guarda. Lembrança saudosa!

Ao lado, lápis de cores variados, papel branco, podiam delinear meus rabiscos, enquanto ela representava a cena, com seu dom esmerado.  Podia sair da contação da história, para adentrar o universo ilustrativo do tema. Tecia as cores, com a maestria com que passava o texto, ora acrescentando-lhe coloridos próprios, ora recolhendo retalhos, enriquecendo-os com bordados de palavras, que a pouca idade ainda me era desconhecida, mas que já sonoros alinhavos entreteciam em meus ouvidos.

Conseguia ir além das palavras do autor e, ainda que por instante célere, ser a co-autora, tanto da palavra quanto das cores. Ao ler e contar história tecia um novo texto; ilustrava-os sob sua ótica. Eu não podia entender, mas o livro saia das linhas e adentrava a galáxia de minha mãe. Anos após, poderia eu mesma sentir o gosto de sua própria experiência.

Aqueles momentos alinhavavam-me o universo literário. Coloriam meu mundo – o livro e minha mãe. Mais tarde novos personagens viriam compor meu cenário literário.

Eu não conseguia separá-los. Hoje meu discernimento me faz entender o que me era ininteligível naqueles mágicos encontros. Em minhas memórias, percebo-me livro nas mãos, meu filho ao lado, interesse ímpar pelos textos e gravuras, o que o levariam a cultivar o gosto pela pesquisa e leitura, num futuro breve.

Minha neta, olhar vivo, raciocínio rápido nos seus dois anos, livro nas mãos e um futuro brilhante; páginas em branco alinhavadas pela avó que cenas registram – na mente e nas linhas.

E os cenários se misturam. Passado e presente se intercalam e posso sair de uma cena e adentrar outra numa singular intimidade, aquela que as palavras nos proporcionam e juntos, lado a lado, o pensador que escreve o segundo ato da minha criação literária, sussurra-me aos ouvidos:

_ "Quando abro um livro, vislumbro um horizonte, onde as ideias brilhantes despontam como o sol, detrás das montanhas!" 

E – como o pensador que me fala – ideias brilhantes, despontando por entre as montanhas, por entre as linhas - começo a vislumbrar. Logo me aposso da linha imaginária que me leva, com asas de águia, rumo ao vento a compor um capítulo do nosso livro, aquele que está sendo escrito a quatro mãos todos os dias, entre os personagens centrais e co-adjuvantes que contracenam o teatro da vida.

Agora, as lembranças saem do virtual e no cenário real podemos em uníssono declarar:

_ O livro somos nós!

Inajá Martins de Almeida
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Os trechos entre aspas são do autor e pensador Elvio Antunes de Arruda (Elanklever) – do livro “Definições reflexivas II: grandes detalhes. Edição 2009.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

À MESTRA COM CARINHO!...

Há pessoas que passam... apenas passam!
Há pessoas que passam e deixam rastros permanentes!
Há pessoas que passam e se vão!
Mas...
Há pessoas que se vão e  não passam!...

Inajá Martins de Almeida

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Os veículos informacionais noticiam o falecimento da professora doutora Carminda Nogueira de Castro Ferreira neste último dia 14 de outubro aos 89 anos (1921 – 2010).

Falar de Dª Carminda (minha doce e querida professora na década de 70) é gratificante demais para mim. 

Fora ela a forjar minha formação acadêmica e a legar-me o incentivo a amealhar retalhos de experiências.


Foram eles - os retalhos - que puderam me fazer companhia no passado, alinhavar e tecer meu  presente e chulear meu futuro, pois deles me apossei e entreteci valores pessoais e profissionais  – já nem sei mais separá-los da minha pessoa.


DIA DO BIBLIOTECÁRIO - 12 de março 2010 










Estivemos presente nesse dia inesquecível  (Elvio Antunes de Arruda e esta que escreve - Inajá Martins de Almeida) nas merecidas homenagens que a UFSCAR e Câmara de São Carlos lhe outorgaram, aliás, digo inclusive que a mais homenageada fora eu, por haver merecido tão graciosa,  a "graça" por partilhar sua presença, num momento tão gratificante e merecido, pelos brilhantes feitos.


Esse momento pode ser registrado em fotos que Elvio, tão bem soube expressar, através de sua ótica perspectiva, o qual não tenho, também, como agradecer. Lá estava ele, para acompanhar e conhecer aquela a quem me expressava de forma a mais carinhosa, sempre.

Se os olhos de Elvio nos fitavam e atentavam aos cliques, deixaram mostrar, a mim, marejados quando, mesmo em forte emoção, pude observá-lo a nos mirar ainda que após o abraço apertado, naquela troca de olhares todo o mais se apartasse de nós – agora, éramos apenas nós duas a nos entregar às nossas memórias, aos nossos retalhos.  

Outra matéria significativa posso registrar, fora oferecida pela Revista Kappa (http://revistakappa.com.br/) em sua edição nº 6. Meus retalhos não ficaram esquecidos; fotos e falas puderam ser capturadas pela sensibilidade da jornalista Ana Paula Santos que, sem me aperceber registrava parte de algumas palavras acaloradas que travavamos naquele instante, quando então captura algo como: “na década de 70 dona Carminda foi minha mentora e me repassou o prazer em buscar o conhecimento. Lembro com carinho dela dizendo que suas aulas deveriam ser retalhos, e que durante nossa vida estaríamos costurando uma colcha...”

A minha grande mestra, com carinho, amor e dedicação por mim sempre lembrada. Seu sotaque forte e penetrante jamais se apartaram de meus ouvidos. Meu amor pelo seu conhecimento, pela pessoa generosa, legou-me a paixão e a convicção pela área que optara - a Biblioteconomia. Tornei-me bibliotecária e me realizei, em grande parte, proposto pelos seus incentivos maiores.


Amei dª Carminda, com amor incondicional de aluna, de profissional. 


Lembro-me de suas palavras naquele dia 12 de março (2010), quando dizia: 


“Quem me dera pudesse eu desmembrar todas as lembranças que tenho!”. (Carminda Nogueira de Castro Ferreira) 


O que posso eu dizer, quando então me encontro a  desmembrar parte dessas nossas lembranças.


Cuidadosa e zelosa, perguntava sobre minha trajetória profissional, pois nossos caminhos seguiram rumos diversos e pouco contato tivemos ao longo desses quarenta anos, porém, jamais nos esquecemos; jamais nos permitimos a distância, ainda que o físico não o negasse.

Surpreende-me quando me questiona sobre o tema de minha monografia, da qual nem ao menos cópia me ficara – O fato histórico – quando fora minha orientadora e se diz lembrar dos detalhes daqueles momentos, relatando-me até algumas passagens.

Realmente, havíamos alinhavado retalhos que agora, nesse breve encontro, podíamos costurar. Brilhante memória. 


"... sempre me impressionou o seu espírito ponderado, sua habilidade surpreendente em se adaptar aos novos tempos; a sua paciência no diálogo com as novas gerações e a sua tolerância respeitosa a valores tão contrários aos seus". (Guilherme Ferreira de Toledo, neto de dª Carminda para a Revista Kappa - edição nº 6) 

Se sua família fora generosa – filhos, netos, bisnetos, noras, genros – o que dizer da família que arregimentava por onde passava?! - amigos, alunos, profissionais, aqueles que somente dela ouviam falar – é o caso de Elvio, a quem, sempre atento, empresta-me seus ouvidos para que eu teça fios infinitos sobre aquela que, singular, levara-me a "desmembrar" tantas "fichas" de lembranças.


Ensinava-nos a aprender e a buscar o que não sabíamos. Fazia-nos pensar, questionar, perguntar, refletir, pesquisar, não aceitar simplesmente palavras impostas. Sabia transmitir informação, ao mesmo tempo em que nos levava a transformá-las em conhecimento e sabedoria para o nosso viver bibliotecário.

"Aos 84 anos, surpreendida por um obstáculo difícil de transpor até para ela: uma doença cruel... transformou dor em paciência, sacrifício em oração, dificuldade em superação, sentimentos ruins em silêncio". (Maria do Rosário (sua filha) para Revista Kappa magazine, edição nº 6)



Amante incondicional da área arregimentava seu exército, com seu ideal inabalável. Profissão = professar = fé.





Eu inclusive manifesto esse sentir inconteste, num de meus artigos, quando a paixão por livros me leva a registrar que me tornara bibliotecária por opção, paixão e convicção e a professora Carminda teve participação efetiva nessas três premissas.


Mas agora, a professora, doutora Carminda Nogueira de Castro Ferreira

“Montou num querubim e voou; sim, levada pelas asas do vento!”

(Salmos 18:50)


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comentários Inajá Martins de Almeida
fotos Elvio Antunes de Arruda 


UFSCAR e Câmara Municipal de São Carlos 
Dia do Bibliotecário 12 de março de 2010


(clique sobre as fotos para ampliá-las)


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saiba mais:


http://saocarlosemrede.com.br/portal/home/item/12412-morre-a-professora-doutora-carminda-nogueira-de-castro-ferreira


http://saocarlosoficial.com.br/noticias/?n=Faleceu+nesta+manha+(14)+a+Professora+Doutora+Carminda+Nogueira+de+Castro+Ferreira_2VLGSBKWA8



terça-feira, 28 de setembro de 2010

RETALHOS DE UMA BIBLIOTECÁRIA

por Inajá Martins de Almeida

Era aos meus olhos como estar num conto de fadas. Eu que acostumada fora aos livros, dispostos em amplas estantes, na sala de nossa casa, o qual sentia verdadeira paixão em organizá-los em ordem de assunto: dicionários, enciclopédias, romances, história, geografia, obras gerais – método que eu mesma desenvolvera mediante sentidos práticos dos meus doze anos – agora posso me encontrar numa biblioteca de verdade.

Estou então na década de sessenta, quando no auge dos quinze anos, os livros fazem-me companhia constante – não diferente de hoje, quando me encontro em pleno século XXI, a frente de um computador, a compor retalhos de minha memória, entre livros.

Não eram poucas as estantes, dispostas em corredores amplos, ventilados, iluminados; majestosa construção ocupava parte do quarteirão, entrecortada por jardins ricamente ornamentados por flores e árvores, cuidada com aprumo e reverência como um templo do saber o deve ser.

Era obrigatoriedade, quando a passeio, visitá-la. Nessa época morávamos na capital paulista e, uma vez que nossa biblioteca particular supria todas as minhas necessidades escolares, a falta desses espaços, não ocupavam o meu pensar.   

Nas escolas (décadas de 50 e 60) o que podíamos encontrar eram armários dentro das próprias salas de aula, com livros didáticos, de histórias infantis, infanto-juvenis e alguns romances, os quais podiam ser revezados entre os alunos nos finais de semana – era um deleite apoderar-se desses livros, somente para nós. Era diferente. Ainda que tivéssemos livros em casa, o sentimento para com esses, era inexplicável. Muito tempo após poderia entender!

Os livros adotados pelos professores para as matérias (português, história, geografia, e outras mais) indicados e adquiridos pelos alunos, eram portados em bolsas, quando dia e matéria o exigiam. Assim, o conhecimento nos era passado por meio de intermináveis ditados, leitura através dos textos dos autores e livros recomendados, comentários ilustrativos, poucos, feitos por professores que, algumas vezes se apresentavam além do que a matéria exigia. Por serem raros esses, tornaram-se inesquecíveis, brilhantes, dignos de jamais serem esquecidos.

Meu professor de francês – no antigo ginásio – falava-nos de metrô em sua cidade – Paris – o que ainda nos era impossível vislumbrar. Dizia que a cidade de São Paulo estava atrasada nessa construção, o que acarretaria sérios problemas futuros. Realmente foi o que pude verificar na década de 70 e nas subseqüentes, quando então temos de conviver com esses transtornos constantes.

Salas específicas para bibliotecas? Raras! Apenas em grandes colégios podiam ser encontradas. Claro a Mário de Andrade já existia, mas a idade e a distância não me permitia freqüentá-la. Muitos anos após, transitar livremente por suas salas, apreciar sua bela arquitetura, mesmo pela calçada apenas, fora-me permitido, quando passo a trabalhar às suas imediações – centro paulistano.

Contudo, alegrávamos com aquilo que estava ao nosso alcance. Não podíamos ao menos imaginar o mundo informacional! Utopia aos nossos sentidos.

Ainda que possuísse intimidade com os livros, encantava-me, agora, com a impecável organização e a delicadeza daquela que se mantinha a frente daquele verdadeiro arsenal de conhecimento, orientando a quem a ela se dirigisse. Estava eu numa biblioteca de verdade. Eu mesma não saberia por onde começar. Orgulhava-me pelas coleções que dispúnhamos, quando percebo ser um grão de areia apenas, no universo literário que ali, bem a minha frente se apresentava.

Ao mesmo tempo em que uma alegria imensa tomava conta de meu viver, era acometida por uma grave apreensão: jamais poderia me apossar de todos aqueles livros (seria impossível!). E realmente, títulos não deixaram de se proliferar nos quatro cantos; bibliotecas, salas de leituras passaram a ser alvo de projetos; novos escritores vieram ocupar cenários editoriais; a internet abriu espaço para anônimos desfilarem seus dotes literários. A era da informação tornou a biblioteca virtual. Trouxe a biblioteca para dentro de nossos lares.    

Naquela época, não me importava com posições, títulos, formação profissional, contudo, respeitava sobremodo aquela presença impoluta, senhora de fino trato, esposa do diretor do ginásio estadual da cidade, profunda conhecedora do vasto acervo da biblioteca – aquele espaço era-lhe familiar, muito tempo depois viria eu mesma, poder entender aquela atitude.

Porém, por fração de segundo, naquele lugar, podia voltar aos momentos dedicados à organização das estantes de livros em minha casa, sentir o deleite e prazer na ordenação, ainda que sem explicação alguma para tal arranjo e ver invertida minha posição – de leitora para bibliotecária. Era a biblioteca que aos poucos penetrava minhas entranhas e se consolidava dentro de mim, ainda que de forma inconsciente.

Estava na adolescência e realidade com ficção se misturava num rodamoinho que muitas vezes davam verdadeiros nós em minha cabeça. Os livros bailavam, contavam histórias, falavam de amores, também de dores. Aos poucos forjava meu interesse, minha paixão, minha convicção por livros, leitura e bibliotecas. Logo buscaria minha formação acadêmica a qual me tornaria a profissional na área em que, sem o perceber estava me fortalecendo desde a meninice.

Livros e leituras formariam o acervo na biblioteca da minha memória – retalhos amealhados pelo caminho percorrido - ao ponto de me ver a declinar neste momento que: entre livros nasci, entre livros me criei, entre livros me formei, entre livros me tornei. Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro. Hoje não há como separar: o livro sou eu - Bibliotecária por opção, por paixão, por convicção.

domingo, 29 de agosto de 2010

AUGUSTO CURY - palestra São Carlos

"O CÓDIGO DA INTELIGÊNCIA"
foi a palestra proferida pelo médico psiquiatra e escritor Augusto Cury no teatro La Salle, na cidade de São Carlos nesta quinta-feita dia 26 de agosto de 2010

Dr. Augusto Cury autografa para Elvio Antunes de Arruda o livro tema da palestra
Inajá Martins de Almeida se apresenta com dois livros: "O futuro da humanidade" e "Mentes brilhantes" - o qual fora presenteada por seu filho.

Num breve momento, tenho oportunidade de lhe dizer que o "Futuro da humanidade" chamara-me especial atenção, quando me vi nas linhas do texto. 
Era eu a personagem que se via mergulhada no enredo, quando me fazia acreditar que era possível sobreviver quando se perde tudo.
"Que a felicidade era uma eterna construção" e nos apontava para o futuro.
Magnífica leitura.

"Mentes brilhantes, mentes treinadas" calara-me forte, pois fora presente de meu filho (e não poderia ter escolhido melhor)

"Os olhos da face enxergam comportamentos visíveis, os olhos altruístas enxergam o que está por detrás deles. O amor inteligente enxerga as qualidades que as imagens não revelam, garimpa ouro nos solos rochosos dos outros".

É um momento em que leitora pode se encontrar com seu escritor e dedicar-lhe algumas de suas muitas impressões. Olhares se cruzam, sorrisos são trocados, palavras pronunciadas. Inesquecível encontro. 
Creio ser uma troca recíproca: o reconhecimento do leitor para seu autor, bem como do autor para seu leitor.

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fotos Elvio Antunes de Arruda
Comentários Inajá Martins de Almeida 

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

José Ephim Mindlin

José Ephim Mindlin, nasceu em São Paulo aos 8 de setembro de 1914 e faleceu na mesma cidade aos 28 de fevereiro de 2010, ano em que completaria 96 anos. Advogado, empresário, membro da Academia Brasileira de Letras, eleito em 2006 e o maior bibliófilo brasileiro, paixão adquirida aos treze anos de idade, quando então iniciava sua coleção riquíssima de coleções, livros e títulos. Hoje o acervo faz parte do complexo USP, doação efetuada no mesmo ano em que fora eleito membro da Academia, quando então se manifesta ao fato - “de certa forma, coroa uma vida dedicada aos livros”. A partir do que a biblioteca passa a ser chamada de “Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin”, ao mesmo tempo em que se manifestava “nunca me considerei o dono desta biblioteca. Eu e Guita [esposa já falecida de Mindlin] éramos os guardiães destes livros que são um bem público.

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Texto de Inajá Martins de Almeida
Para complementar o assunto vide -  http://pt.wikipedia.org/wiki/José_Mindlin 

O guardião da biblioteca de Mindlin


Pedro Puntoni, historiador que frequentava a casa do bibliófilo, comanda projeto de digitalização do acervo e construção do prédio que abrigará os 40 mil volumes


Era julho de 2007. Pedro Puntoni havia acabado de ser nomeado diretor da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, em instalação na Universidade de São Paulo (USP), e almoçava na casa do empresário e bibliófilo José Mindlin:
- Doutor José - dirigiu-se ao bibliófilo -, queria lhe dizer que me sinto muito honrado com o cargo, com tanta responsabilidade. E espero corresponder à altura.
- Pedro, nós vamos ajudá-lo - ele respondeu. Sei que este é um peso enorme.
E naquele mesmo dia ficou acertado que Puntoni precisava "aprender a biblioteca":
- Você tem de conhecer toda ela - frisava Mindlin.
Trataram de selar um acordo. A partir disso, quinta-feira havia um programa sagrado para o novo diretor. "Era o dia da semana em que eu passei a ir cedo à casa dele e só sair de lá no fim do dia", relata. "Quando o doutor José estava, conversávamos, ele me contava histórias sobre os livros, me pedia para ler algum poema." Quando ficava sozinho, aproveitava para circular entre as estantes e conhecer um pouco daquele mundo que, aos poucos, também se tornava um pouquinho seu. "Não era uma coisa sistemática. Ele via o livro que despertava interesse nele na hora", conta Cristina Antunes, que trabalha no acervo de Mindlin há três décadas.
Essas visitas semanais ocorreram até dezembro do ano passado. "No comecinho de janeiro, ainda passei lá para desejar feliz ano-novo ao doutor José", afirma Puntoni, hoje com 43 anos. Foi a última vez em que eles se viram. Dias depois, o bibliófilo acabou hospitalizado. Em 28 de fevereiro, aos 95 anos, José Mindlin morreu.
Da casa para a USP. A biblioteca em questão, com 17 mil títulos - ou 40 mil volumes -, é o maior e mais relevante acervo originalmente particular de livros do Brasil. Mindlin começou a formá-lo aos 13 anos. "A ideia de transformar em algo público foi aventada pela primeira vez ainda nos anos 80", lembra Puntoni. "Em 1999, doutor José manifestou, em carta, a intenção de doar os livros à universidade." Sete anos mais tarde, finalmente, o ato foi oficializado: Mindlin legava à USP, de papel passado, sua preciosa Brasiliana.
Professor da mesma universidade, o historiador Pedro Puntoni entraria no projeto apenas no ano seguinte. Mas sua relação com Mindlin era mais antiga. "Em 1990, quando fazia meu mestrado, recorri ao doutor José porque só ele tinha uma coleção de revistas que eu precisava", recorda-se. "Da primeira vez, ele me recebeu e fez uma verdadeira sabatina sobre meus estudos. Queria saber se eu realmente conhecia os livros e só então me liberou para frequentar a biblioteca." Tornou-se assíduo, por anos. Até o fim do mestrado. Depois, durante todo o doutorado. "Era uma alegria quando ele, sempre gentil, me convidava para um café", diz.
Sua primeira missão à frente da Brasiliana foi coordenar um ousado plano interdisciplinar - que envolve 40 professores da USP - de digitalização do acervo de Mindlin. Um scanner especial foi adquirido para isso e vem funcionando desde abril do ano passado. "Custou US$ 220 mil e tem capacidade para copiar 2,4 mil páginas por hora", detalha o engenheiro eletrônico Edson Gomi, participante do projeto. Mil títulos já estão na internet e podem ser baixados, na íntegra, de graça. "Doutor José era um entusiasta da digitalização, pois acreditava que isso iria ampliar o acesso aos seus livros, sem deteriorá-los", ressalta Puntoni.
O historiador também acompanha a construção do prédio - orçado em R$ 100 milhões e situado na própria Cidade Universitária, no Butantã, zona oeste de São Paulo - que vai abrigar os 40 mil volumes da Brasiliana. Pelo cronograma, a obra deve ficar pronta no fim de 2011. Ali, além da biblioteca, funcionará o centro de digitalização e um ateliê de restauro de livros. Cultura escrita que deixaria doutor José orgulhoso.
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Reportagem de Edison Veiga, para o jornal O Estado de S. Paulo - http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,o-guardiao-da-biblioteca-de-mindlin,569202,0.htm
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